Disse a assessora de Marielle Franco (PSOL), a quinta vereadora mais votada na última eleição no estado do Rio de Janeiro. Marielle foi executada no dia 14 de março de 2018 no centro do Rio.
A comoção tomou todo o País, tristeza também... o país está de luto e a violência não cessa.
Vendo a reportagem no Fantástico em que a assessora contou sobre o momento da execução, quando ela estava no carro e saiu ilesa, me chamou a atenção a sua fala muito emocionada: "eu sobrevivi", pausou e continuou: "A coisa do sobrevivente me marcou muito..." - referindo-se à fala do policial que, depois de fazer o atendimento, comunicou que haviam dois mortos, Marielle e Anderson, e uma sobrevivente. A assessora continuou: "Eu queria a Marielle viva, o Anderson vivo. Porque sobreviver é uma coisa muito cruel. Por que eu preciso sobreviver? Que coisa horrenda é essa? Que violência é essa?.
Marielle afirmava "quantos mais vão precisar morrer?" - ela não imaginava que seria ela também mais uma vitima.
A fala desta sobrevivente, que não quer ser identificada com toda razão, me impactou...A palavra "sobrevivência" é mesmo muito forte e antagônica, principalmente em um contexto no qual se sabe da vida como direito e direito do rico e do pobre...Direito a uma vida com dignidade e liberdade.
HORTÊNCIA DA SILVA
A violência se alastra por todo o mundo; no Brasil, é notória há muitos anos. Por aqui na minha cidade, muitos jovens envolvidos com o tráfico perderam suas vidas. Junto com eles, quem não se lembra da jovem de 25 anos, a linda Hortência, que, enquanto arrumava o seu cabelo em um salão para uma viagem, morreu no lugar de um rapaz que havia entrado fugindo para se esconder das balas que lhe eram endereçadas? Sobreviver?!
É isso mesmo, Brasil?! Estamos condenados a isso?!
Sim! Nós temos sobrevivido sim!
Temos sobrevivido à violência, a corrupção, a ganância, a fome, ao preconceito..................
Eu não posso crer que, em um país com a história que tem o nosso - escravidão, fome e miséria, ditadura militar, exploração das várias formas - ficaremos todos discutindo o óbvio!
As condições estão postas há muito tempo e, enquanto estamos preocupados com a reputação do outro, TEMOS TODOS SOBREVIVIDO!
Entre um livro e outro, encontro uma preciosidade: Brincando e Poetizando! Um lindo livro de poesias escrito por uma turminha sensacional, a terceira série da Coeducar ☉. Experimentei a alegria e o desafio de ser educadora. Me deu saudades! Me deu mais vontade #todomundomoçoemoçajá
TURMINHA SENSACIONAL
Na escola encantada da Coeducar, passando por um túnel misterioso, havia uma turminha sensacional, a terceira série, turma Perna de Pau.
Ana Beatriz, menina feliz, Tão Clara como a neve, Daniel cheio de fé.
O Davi sincero, Gabriel fiel, Gabriela talentosa, Guilherme doce como mel.
João Vitor o pensador, Lairton sempre atento, Leonardo esforçado, Lia só sorria.
Mateus Santos e seus encantos, Matheus Diniz o aprendiz, Priscila alegria, Vitor sonhador.
Todo dia era um show. Cada um, uma melodia, compondo a linda sinfonia.
Conquistando meu coração. Me ensinando com emoção. Eis a turminha radical. Tão sensacional! É a turma Perna de Pau.
Inteligência Múltipla denomina-se como a
teoria que foi desenvolvida na década de 1980, pela Universidade de Harvard,
sob o comando do psicólogo Howard Gardner, analisando e descrevendo o conceito
de inteligência.
De acordo com o Celso Antunes (2012), na última leitura
complementar de seu livro “Inteligências Múltiplas e seus jogos”, pensar a
inteligência é, também, como se fossemos realizar algo e percebermos que não
conseguimos fazer, a partir daí, percebermos que se formos enumerar, a lista do
que não sabemos fazer é enorme.
Antunes (2012) continua: “Provavelmente você não sabe
compor uma melodia, pintar uma tela com perfeição ou erguer um edifício. Deixe,
entretanto, as coisas que envolvem a genialidade ou especificidades de outras
profissões e reflita sobre as coisas comuns que também não constituem sua
especialidade. Perceberá que a lista cresce ainda mais. Eu, por exemplo, não
sei dançar, passar uma camisa, preparar uma refeição e até mesmo trocar uma
simples lâmpada; o que constitui desafio comum a qualquer outro, pode ser para
mim um problema.
Mas
eu não me preocupo com coisas que não sei fazer. Sei realizar outras pequenas
coisas e aprendi a trocar aquilo em que não sou bom com outras pessoas. Creio
que na singela revelação dessa troca esconde-se o segredo do amor. Já imaginou
como seria difícil a solidariedade se todas as pessoas soubessem fazer todas as
coisas? Se andassem pelo mundo cercadas pela lição de nada oferecer, nada
reivindicar? Se não fossem diferentes?
Pena
que a singela verdade dessa questão ainda não tenha entrado em nossas escolas.
Pena que nossos sisudos mestres estejam apenas empenhados em mostrar os
desafios das ciências, a retórica das sintaxes e a amplitude dos cálculos
matemáticos. Não que esses saberes não sejam importantes, mas será que não
haveria em nossas escolas espaço para se ensinar a troca, a solidariedade, a
honradez, a coragem da bondade? Pena que os currículos escolares ainda não
abriguem estímulos à verdade das múltiplas inteligências. Pena que nossos
alunos não descubram a harmonia dos versos do poeta que cantava “não há você
sem mim, eu não existo sem você (p.45) ”
O
autor foi fantástico ao explorar a inteligência da maneira como foi descrita;
foi genial, didático e poeta!
Amar
talvez seja isto, uma troca contínua de vida! Um abaixar-se e levantar-se
continuo para, enfim, fazer o outro feliz!
Se
for para ser assim, eu estou toda inteira em você, inteligência, e você está
toda inteira em mim! Que em nossa multiplicidade, possamos colorir o mundo e
transbordar amor, libertar pessoas, trazer possibilidades de vida para tantos
enclausurados e mensurados pelo sistema!
As oportunidades da vida?!...sempre as tenho, sempre as temos!
São muitas as oportunidades. Na maioria das vezes, elas são simples, pequeninas mesmo. A gente não costuma enxerga-las, até porque estamos sempre esperando pelo grandioso, pelo arrebatador, pelo mais brilhante ou brilhoso.
Penso que o que nos constrói ao longo da história está no que normalmente pouco observamos. Às vezes é meio sem graça mesmo ou até desengonçado. Eu, particularmente, acho o desengonçado sempre mais interessante, mais atrativo e cheio de charme.
Nem sempre foi assim, nem sempre é assim comigo, ainda me pego esperando pelo grandioso, pelo estrondoso como se a vida fosse um show do milhão.
Ledo engano o meu! Quando olho pra trás, só consigo me lembrar com maior precisão daquilo que foi mais rasteiro, com horas e dias entranhados no chão da minha história, como uma colcha tecida fio a fio, hora a hora, dia a dia.
Quando penso nas oportunidades já vividas, é verdade, algumas delas foram sim estrondosas do meu ponto de vista, mas, engraçado, nestas grandes e excelentes oportunidades, ao me recordar, só lembro mesmo dos pequenos detalhes. Depois que passa, a memória guarda o mais simbólico, isto é, ela guarda o detalhe mais importante, aquele que sempre fará toda a diferença e, por isso mesmo, fica guardado no nosso grande pote craniano.
Para que percebamos melhor todas as oportunidades, é urgente mudar a forma como se vive todo e cada momento. Aprender a valorizar cada coisa, cada pessoa ou situação, seja ela de alegria ou de dor.
Por estes dias fiquei lembrando uma oportunidade que me deram, pude prestigiar um belíssimo show em Belo Horizonte - MG; a cantora era a Marisa Monte, uma exímia artista. Ela não busca holofotes, apenas traz o melhor que sabe fazer: cantar, tocar, compor. Nos encantou com suas músicas. Toda performance do show se deu mesmo por conta da harmonia instrumental muito bem elaborada e orquestrada, complementada com o conteúdo de suas músicas, que chegam diretamente ao coração, dando nomes a vários dos sentimentos que trazemos. Algo como disse Milton Nascimento: "certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim. Que perguntar carece, como não fui eu que fiz."
O ponto alto deste show foi sem dúvida nenhuma a chuva que caiu. Parece que ela veio para compor
ainda mais toda a harmonia musical do momento. Não espantou ninguém a chuva e nem deixou nada a desejar, pelo contrário, além de lavar a alma, nos fez parecer crianças novamente, encantados e desnudados pela beleza dos pingos grossos (não havia como se esconder), nos fazendo dançar e cantar como faziam os nossos pais indígenas. Me pareceu que não precisávamos de mais nada, nos bastava ser quem somos e viver este encontro com a natureza na sua forma mais primitiva, era a dança da chuva. Afinal de contas, havíamos nos queixado da seca. A música da Marisa fazia uma ode a chuva, portanto, o pedido foi atendido!
Fazer memória deste momento me traz à boca o gosto da vida, da sensação de liberdade que senti ali totalmente molhada pela chuva e embalada pelo som da Marisa. Estávamos assim, tão longe de casa, mas ao mesmo tempo, tão em casa. O tempo era o ali, naquela hora, não existia outro, outras pessoas, outro lugar... existíamos nós, a chuva, a música e a vida crescendo naquele momento.
Isso mesmo, quando estamos sinceramente presentes em qualquer oportunidade pela qual estamos vivendo, a vida dentro da gente cresce e, se novos momentos tivermos, saibamos que foram todos estes pelos quais passamos que nos fazem responder com mais vigor a qualquer outro momento, repito, seja de dor ou alegria. É como um bordado que vai levando a outro, e outro, e outro, até que um dia, o desenho toma uma forma e aí podemos ler, em cada linha bordada, o livro da nossa singular história.
Um show também pode trazer muitas cores para uma vida que talvez esteja sendo vivida em tom mais fúnebre. Do mesmo modo, um banho de chuva também pode regar terrenos mais ressequidos pelo deserto pelo qual a maioria de nós vivemos.
Volto a dizer, para tudo isto ter um sentido ou para qualquer coisa ter e fazer sentido, é preciso saber ver, ouvir e sentir... é preciso desejar viver, estar presente. Normalmente quem está presente nos momentos, até na maior das dispersões, consegue ver sentido nas oportunidades da vida, o ócio é pura criação.
Se aquele fosse o último show da minha vida, a última oportunidade - nunca saberemos quando será a última, mas ela chegará e será bom se não nos pegar desprevenidos -, eu poderia dizer que, naquele momento, a minha colcha ganhou um desenho perfeito, pois todos os meus sentidos estariam potencialmente direcionados e eu não precisaria de mais nada, bastaria ser quem eu era ali, naquela hora. Apenas sentindo a alegria de viver que aquela oportunidade trouxe. Bastaria encontrar-me assim, desnuda de subterfúgios, encontrar-me com a terra de que sou feita, mistura de vida humana e vida divina, natureza e divindade. Enfim, liberdade!
Seguindo o seco de Marisa, encontrei a água, como se estivesse atravessando o deserto e percebi que a minha vida só se faz no hoje! A liberdade é estar presente no seu momento, nem tanto como uma filosofia que fica tentando se alcançar... é vivendo mesmo que se faz a vida!
Este momento é exatamente o que você está presenciando agora.